domingo, 5 de julho de 2009

                                                                                                                                                                                                                                          
Autor: Sebastião Jacinto dos Santos (o poeta Ensandecido)


PRECE À MÃE DAS ÁGUAS

Dentro deste mar
Rosas são brancas,
Ofertas deixadas às
Mãe das águas

Iluminada sob um
Manto dos restos humanos
Vindos de um país distante,
Cantando uma música em júbilo!

Seja tu mãe azul
A amar os trancafiados nas
Senzalas, ruas fedidas, mortos
De uma fome de liberdade!

Tocavam um tambor
Dos sons dos distantes,
Um choro invade as terras
Nordestinas, rasgando o solo
Da fortuna para alguns!

De minha senzala, com a carne em sangue,
de uma dor parida,
em choque revestido de esperança,
chorava lágrimas de ferro,
enferrujadas pela profunda saudade
dos que ficaram além mar!

Teu manto nos guiou:
Navio negreiro, capitão enfurecido,
Com as mãos sobre o ferrolho dos meus sentimentos;
Escravo de corpo, livre no pensar,
Cantando uma canção triste da ética dos negros,
Soltava gritos e gemidos de liberdade!

Seja tu, mãe, a me guiar ao abismo profundo do bem,
Livrando-me do corte da navalha e da imundicie do mal,
Na lavoura da cana de açúcar, na praieira do cafezal
Do ouro negro.

Seja tua vontade revestida de mim
A pintar o teu manto de um branco odor
Arraigando a pele escura em teus cafunés,
Dormindo um sono dos históricos,
Quero que recebas as minhas preces,
Oferendas deixadas no mar da vida!
Guia-me! Afoga-me no teu amor!
Mata minhas recordações!
Devolve meus dias de homem livre!
Ama meu axé no teu sim!

Um comentário:

Anônimo disse...

adorei essa poesia cara! Parabéns pela maravilhosa recordação sobre os nossos irmãos africanos! sucesso!