domingo, 27 de setembro de 2009

A FAMÍLIA VICENTINA NA LUTA CONTRA A (DESTRUIÇÃO DA) POBREZA


Sebastião Jacinto dos Santos
Natal/RN, 20 de setembro de 2009

Palestra ministrada no 2º Avivamento Vicentino

O QUE É A POBREZA?
O Banco Mundial define a pobreza extrema como viver com menos de 1 dólar por dia e pobreza moderada como viver com entre 1 e 2 dólares por dia. Estima-se que 1 bilhão e 100 milhões de pessoas a nível mundial tenham níveis de consumo inferiores a 1 dólar por dia e que 2 bilhões e 700 milhões tenham um nível inferior a 2 dólares.

A pobreza não resulta de uma única causa mas de um conjunto de fatores:

Fatores político-legais: corrupção, inexistência ou mau funcionamento de um sistema democrático, fraca igualdade de oportunidades.

Fatores econômicos: sistema fiscal inadequado, representando um peso excessivo sobre a economia ou sendo socialmente injusto; a própria pobreza, que prejudica o investimento e o desenvolvimento, economia dependente de um único produto.
A pobreza não resulta de uma única causa mas de um conjunto de fatores:

Fatores político-legais: corrupção, inexistência ou mau funcionamento de um sistema democrático, fraca igualdade de oportunidades.

Fatores econômicos: sistema fiscal inadequado, representando um peso excessivo sobre a economia ou sendo socialmente injusto; a própria pobreza, que prejudica o investimento e o desenvolvimento, economia dependente de um único produto.
Fatores sócio-culturais: reduzida instrução, discriminação social relativa ao gênero ou à raça, valores predominantes na sociedade, exclusão social, crescimento muito rápido da população.

Fatores naturais: desastres naturais, climas ou relevos extremos, doenças.

Problemas de Saúde: adição a drogas ou alcoolismo, doenças mentais, doenças da pobreza como a SIDA e a malária; deficiências físicas.

Fatores históricos: colonialismo, passado de autoritarismo político.

Insegurança: guerra, genocídio, crime.
Você não tira nenhum proveito se, vendo seu irmão com fome e rasgado, disser para ele: vá andando em paz. “A palavra sem ação de nada vale”. (Tg. 2, 15)

“Existe pobreza somente na medida em que existem famílias que vivem com uma renda familiar per capita inferior ao nível mínimo para satisfazer as próprias necessidades elementares (Barros et al, 2000, p. 22-23)”

A renda mínima, para se tornar poderoso instrumento de combate à pobreza e à desigualdade, deveria estar associada a outras políticas sociais. Uma família pobre que tenha uma renda mínima, mas que more em um bairro sem saneamento básico, que tenha filhos sem acesso ao ensino fundamental, não tenha saúde adequada, não participe de forma efetiva na esfera da política e que esteja submetida à arbitrariedade das ações policiais continua em um processo de pobreza, desigualdade social e até mesmo exclusão (Aguiar e Araújo, 2002, p. 32).
O pobre, dessa forma, vive em uma situação instável, de extrema vulnerabilidade, no contexto social. Vulnerabilidade é, de fato, um conceito mais amplo que a simples carência ou necessidade; significa viver sem defesas, em uma situação de insegurança, exposto a riscos, ao desconforto e à tensão.

Antes se falava de pobres marginalizados e agora se fala de exclusão

Na verdade o problema da exclusão nasce com a sociedade capitalista. Não é como muitos dizem um problema do projeto neoliberal. É uma forma de excluir para incluir sob novas formas. O capitalismo na verdade desenraiza e brutaliza a todos, exclui a todos. A sociedade capitalista desenraiza, exclui, para incluir, inclui de outro modo, segundo suas próprias regras, segundo sua própria lógica.

As dimensões elementares, tais como a saúde, educação, emprego ou outras mais complexas, como segurança e cultura, podem definir uma melhor ou pior qualidade de vida.

Por que agora nós todos percebemos a exclusão e antes não percebíamos? Porque antes, logo que se dava a exclusão em curtíssimo prazo, se dava também a inclusão, da maneira capitalista. Por exemplo: os camponeses eram expulsos do campo e eram absorvidos pela indústria, logo em seguida.

POBREZA HOJE
De acordo com a revisão 2006, a população do mundo aumentará provavelmente por 2.5 bilhões durante os próximos 43 anos, passando do 6.7 bilhão atual a os 9.2 bilhões em 2050. Este aumento é equivalente ao número de povos total no mundo em 1950 e será absorvido na maior parte pelas regiões menos desenvolvidas, cuja a população é projetada se levantar de 5.4 bilhões em 2007 a 7.9 bilhões em 2050. Ao contrário, a população das regiões mais desenvolvidas é esperada permanece pela maior parte inalterada em 1.2 bilhões e declinaria se não era para a migração líquida projetada de se tornar aos países desenvolvidos, que é esperado calcular a média de 2.3 milhão pessoas um o ano após 2010.

A alimentação é reconhecida pela FAO como direito elementar e precedente a todos os outros. Uma concepção que representa um avanço na área e se coloca como um desafio a todos os governos do mundo: começa por defini-lo como direito e não como benesse, elevando-o ao patamar das políticas públicas. Para colocar esse direito em prática temos de estabelecer as devidas integrações entre políticas.
FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)

Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação...” (artigo 25 – Declaração Universal dos Direitos Humanos)
 Intensa urbanização pela qual passa as cidades brasileiras (últimos 50 anos) desenho e configuração urbana, mas também acirramento da pobreza;
 Genius Loci (lugares e Identidades) específicos ou espaços de pobreza;
 População de baixa renda e fora do circuito de consumo:
 Ideologia de modernização: separação da elite;


Uma marca da construção desigual das cidades brasileiras, fomentadas pelo tipo de desenvolvimento econômico, pelas políticas habitacionais e intervenções sociais engendradas na atualidade.
 Fome.
 Baixa esperança de vida.
 Doenças.
 Falta de oportunidades de emprego.
 Carência de água potável e de saneamento.
 Maiores riscos de instabilidade política e violência.
 Emigração.
 Existência de discriminação social contra grupos vulneráveis.
 Existência de pessoas sem-abrigo.
 Depressão.

O combate à pobreza é normalmente considerado um objetivo social e geralmente os governos dedicam-lhe uma atenção significativa.

QUAIS OS MEIOS DE COMBATÊ-LA?
 1. A partilha das necessidades. (que é um “condividir”)

Condividir quer dizer acompanhar a pessoa, o seu nível de problemática e não olhar de fora. Condividir com a pessoa não quer dizer viver a condição dela, recriar em nós a sua condição de vida, mas sim ser uma companhia que permite assumir e penetrar em sua situação (GIACOMINI et al., 2002, p. 20).

 2. Ajudar o pobre a reconstituir sua história. As lutas de sua existência (um ser “histórico”)

Considerando a sociedade humana de um modo tranquilo e desinteressado, de início, ela só parece mostrar a violência dos homens poderosos e a opressão dos fracos; o espírito revolta-se contra a dureza de uns ou é levado a deplorar a cegueira dos outros. (Jean Jacques Rosseau, Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, 1753).

 3. Lutas em favor de uma sociedade justa e solidária. Conscientização da dignidade do trabalho (um ser de “trabalho”)

“A Igreja considera tarefa fazer com que sejam sempre tidos presentes a dignidade e os direitos dos homens do trabalho, estigmatizar as situações em que são violados e contribuir para orientar as aludidas mutações, pra que se torne realidade um progresso autentico do homem e da sociedade'" (Carta enciclica de João Paulo II – O Trabalho Humano, p. 9, 1999).

 4. Vencer as novas formas de ameaças à vida humana. Conscientização da importância da vida (um ser de “esperança”)

“Às antigas e dolorosas chagas da miséria, da fome, das epidemias, da violência e das guerras, vêm se juntar outras com modalidades inéditas e dimensões inquietantes.'" (Evangelium Vitae. C. E. de João Paulo II sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana. p. 7, São Paulo: Paulinas, 1995).
“Tudo quanto se opõe a vida: homicídios, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo que viola a integridade humana: as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas para violentar as próprias consciências; tudo quanto ofende a dignidade: condições de vida infra-humanas, prisões arbitrárias, deportações, escravidão, prostituição, o comecio de mulheres e jovens – condições degradantes de trabalho .'" (Evangelium Vitae. p. 9, 1995).

 5. dignidade da pessoa humana. Conscientização ética e política (um ser “ ético e político”)

“[...] o valor sagrado da vida humana desde o seu início até ao seu termo, e afirmar o direito que todo ser humano tem de ver plenamente respeitado este seu bem primário. Sobre o reconhecimento de tal direito é que se funda a convivência humana e a própria comunidade política" (Evangelium Vitae. C. E. de João Paulo II sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana. p. 7, São Paulo: Paulinas, 1995).

 6. Respeito aos Direitos Humanos. Conscientização do respeito aos direitos e deveres (um ser de “direitos”)

“A Igreja vê com simpatia esta evolução, na medida em que favorece cada vez mais claramente o respeito pelos direitos individuais, inclusive aqueles do inquirido e do réu, contra os quais não é legítimo recorrer a métodos de detenção e indagação – especialmente quando referido a tortura – ofensiva a dignidade humana)" (A Igreja na América. João Paulo II a todos que fazem a Igreja na América – Encontro com Cristo Vivo, caminho para a conversão, a comunhão e a solidariedade na América. p. 32, São Paulo: Paulinas, 1999).

 7. Conscientização para uma educação ecológica. Conscientização para uma relação homem-natureza (um ser “ecologizado”)

A reivindicação da natureza é uma das reivindicações mais pessoais e mais profundas, que nasce e se desenvolve nos meios urbanos cada vez mais industrializados, tecnicizados, burocratizados, cronometrados.

A ecologização da noção de segurança confere atenção a novos riscos e perigos que ameaçam a segurança da vida humana e ajuda a redistribuir recursos, voltando-os para prevenir ou combater os riscos ambientais relacionados com as mudanças climáticas.

 8. Conscientização para o uso de novas tecnologias. Conscientização para uma relação de comunicação (um ser de “linguagens”)

Lemos, com freqüência, que as tecnologias de comunicação estão provocando profundas mudanças em todas as dimensões da nossa vida. Elas vêm colaborando, sem dúvida, para modificar o mundo. A máquina a vapor, a eletricidade, o telefone, o carro, o avião, a televisão, o computador, as redes eletrônicas contribuíram para a extraordinária expansão do capitalismo, para o fortalecimento do modelo urbano, para a diminuição das distâncias. Mas, na essência, não são as tecnologias que mudam a sociedade, mas a sua utilização dentro do modo de produção capitalista, que busca o lucro, a expansão, a internacionalização de tudo o que tem valor econômico.

 9. Evangelizar o homem em sua essência total. Conscientização da fé religiosa (um ser “cristão”)

“O serviço aos pobres, pra que seja evangélico e evangelizador, deve ser um reflexo fiel da atitude de Jesus, que veio para anunciar aos pobres a Boa Nova (Lc. 4, 18)" (A Igreja na América.

MEDIDAS PARA MELHORAR O AMBIENTE SOCIAL E A SITUAÇÃO DOS POBRES
 Habitação econômica e regeneração urbana.
 Educação acessível.
 Cuidados de saúde acessíveis.
 Ajuda para encontrar emprego.
 Subsidiar o emprego para grupos que normalmente tenham dificuldade em consegui-lo.
 Encorajar a participação política e a colaboração comunitária.
 Trabalho social e voluntário.

Revisão Mundial 2006
O Sistema Global é composto por documentos gerais e documentos especiais.
 Como exemplos de documentos gerais, temos: a Declaração Universal de Direitos Humanos (1948), a Carta das Nações Unidas (1945), o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966) e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966).
 São exemplos de documentos especiais: a Convenção pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965), a Convenção pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (1979), a Convenção sobre os Direitos da Criança (1989). Tanto as convenções especiais quanto as gerais incluem uma série de mecanismos de proteção, tais como a Comissão de Direitos Humanos da ONU, os Comitês sobre os Direitos da Criança e da Mulher, o Comitê contra a Tortura, o Comitê pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial etc. O acesso a esses órgãos e a adesão a esses documentos estão abertos a praticamente todos os Estados do mundo.

A FOME NO MUNDO
“A fome no mundo faz-nos pôr o dedo nas feridas dos homens em todos os níveis: a lógica do pecado, que se insere no coração do homem, está na origem das misérias da sociedade devido à ação das chamadas estruturas de pecado" (A Fome no Mundo. Pontifício Conselho “Cor Unum” p. 102, 2003)

Vivemos:
 Era das desigualdades;
 Amor ao próximo torna-se interes egoísta;
 A violência é gerada por um nada;
 Perda do sentido da vida;
 Resiliência.
MÍSTICA DA FAMÍLIA VICENTINA
"SIM, NOSSO SENHOR PEDE QUE EVANGELIZEMOS OS POBRES; É O QUE ELE FEZ E O QUE QUER SEGUIR FAZENDO NO MEIO DE NÓS" (S. Vicente)

Seguir a Cristo evangelizando os pobres;
Se concentrar em Jesus, o evangelizador dos pobres;
Ser um servo dos pobres;
A pobreza é um muro de defesa da comunidade;
A pobreza deve transparecer na vida e na comunidade;
Pobreza evangélica.

A caridade nos faz observar todos os mandamentos de Deus sem exceção, e a devoção faz com que os observemos com toda diligência e fervor possíveis. Todo aquele, portanto, que não cumpre os mandamentos de Deus que não é justo e, muito menos, devoto; para ser justo, é necessário que se tenha caridade e, para se ser devoto, é necessário ainda por cima que se pratique com um fervor vivo e pronto todo o bem que se pode.

Filotéia – São Francisco de Sales

BASES PARA UMA PEDAGOGIA VICENTINA QUE REAFIRME UMA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI
 Educar para os SABERES
 Educar para o DESEJO
 Educar para o AMOR

Constituindo uma rede de seres ávidos de conhecimentos, sonhos e amor por uma caridade viva e ardente, que impulsiona a ir além do simples gesto de doar o pão!
 formar seres humanos capazes de imaginar e elaborar idéias novas;

 progredir, aperfeiçoar conceitos e tecnologias;

 desenvolver mentes críticas que possam direcionar suas experiências com responsabilidade social.

AS IDENTIDADES DO SUJEITO
 Estado-nação / regular a nação
O indivíduo integrado na comunidade tradicional, experimentando-se concretamente como indivíduo particular, não se colocava problemas identitários tal como entendemos hoje. (...) A comunidade subordinada à tradição auto-regulava-se; ela definia os indivíduos construindo-os socialmente, num mesmo movimento. Sociedade de interconhecimento com códigos de comportamento comumente reconhecidos e transmitidos oralmente. (KAUFMANN, 2004, p. 17)
 O termo se popularizou no sec. XX c/ Erik Erikson;
 Quem é o sujeito hoje?

DESCENTRAMENTO DO SUJEITO CARTESIANO, “PENSO LOGO EXISTO”.
 1º O pensamento marxista;
 2º Inconsciente de Freud;
 3º Discussões de Ferdinand Saussere sobre linguagem;
 4º Trabalho de Foucault sobre poder disciplinar;
 5º Impacto do feminismo

A PREOCUPAÇÃO DA ESTADO-NAÇÃO NA MODERNIDADE
 Manter a uniformidade e o discurso nacionalista;
 A cultura nacional;
 As identidades discutidas pelos movimentos sociais;
 Com a reestruturação do mundo moderno, a identidade parece perder sua âncora social.
“Seu Cristo é judeu. Seu carro japonês. Sua pizza italiana. Sua democracia, grega. Seu café, brasileiro. Seu feriado, turco. Seus algarismos, arábicos. Suas letras, latinas. Só o seu vizinho é estrangeiro.” (BAUMAN, 2005, p.33)

FINALIDADE DA MISSÃO
AMOR INCONDICIONAL A JESUS

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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