quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Rua da Bala - SANTOS, Sebastião Jacinto dos


Na rua da bala não se morre de bala, se morre de farra, de samba!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre faça, de briga!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre de amar, lutar!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre de tara, de vara!

Na rua da bala não se morre de bala, se morre de dor, de pó!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre de fome, de tombo!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre de dó, de fé!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre do acaso, torpor!

Na rua da bala não se morre de bala, se morre sem ter, sem crer!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre de medo, de intriga!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre de inveja, cobiça!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre de álcool, cicuta!

Na rua da bala não se morre de bala, se morre de riso, de grito!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre raquítico, cirrótico!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre obeso, de parto!
Na rua da bala não se morre de bala, se morre inventando o ter e o ser!

Na rua da bala todo mundo é assim: um pouco de tudo!
Na rua da bala o forasteiro é medroso e temido é o fraco!
Na rua da bala de tudo se morre, de tudo se paga, de tudo se vive!
E os que morrem de bala, só morrem inocentes, por teimarem em viver!

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