

Na sombra do teu silêncio vejo
um grande homem escondido,
uma estonteante esperança retraída,
um grito silencioso que adentra meu ouvido surdo!
Partilhamos os mesmos sentimentos:
não dizer nada, não falar nada, não ouvir nada!
Se negar ao acaso, anular-se,
meter-se no ventre descontente do inconsciente!
Abominar a cegueira das massas,
dos rebanhos, das manadas!
Abjurar as crenças dos mitos-religionários
que discursam sobre o nada!
Numa aventura sem medidas,
aventurar-se na busca do desconstruído!
Amar as incertezas, como a bons amigos,
e desdobrar as faces em renúncia!
Acordar do sono em pesadelo!
Revirar as mais remotas prendas
escondidas nos anos juvenis!
Recompor-se lentamente em
sorriso como se contemplasse
os horizontes esquecidos!
Murmurar para si mesmo em silêncio:
eu despertei do meu destino!
Do meu silêncio atormentado!

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