sexta-feira, 10 de julho de 2009

INVESTIGANDO E DINAMIZANDO A FINALIDADE DO ENSINO DE FILOSOFIA ATRAVÉS DE CHARGES E HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Sebastião Jacinto dos Santos
Formado em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura) – Especialista em Educação e Sustentabilidade Ambiental -UFRN sebastiaojacinto@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
Pra quer serve a filosofia? Qual o seu papel na atualidade marcada por uma cultura do conhecimento cibernético, capaz de contornar a própria condição do educador, limitada em seu pequeno mundo didático, pautado, na maioria das vezes, por uma prática monótona e repetitiva? A que se presta tal ensino? Partindo do pressuposto, de que a Filosofia tem sido vista como inútil qual seria a proposta alternativa para o seu ensino nas séries Fundamentais e no Ensino Médio? São perguntas como essas, que norteiam o nosso dia-a-dia. Afinal, a inclusão da Filosofia no ensino Fundamenta e no Ensino Médio deve proporcionar ao aluno condições para a conquista e solidificação de uma consciência critica, capaz de refletir sobre sua própria realidade: os problemas sociais, culturais, artísticos... E sua própria condição de “ser-no-mundo” e, sobretudo, agir sobre tais, procurando transformá-los. Neste caso, aqueles que estão voltados para o ensino de filosofia deverão desenvolver novas práticas de ensino para o suprir tal realidade. Nesse sentido, nossa pesquisa se baseia na busca de material para uma leitura da realidade através de charges e tiras de histórias em quadrinhos (ver anexos) A finalidade deste material é auxiliar a prática docente do Professor de Filosofia, visando uma melhor dinamização das aulas. Trabalharemos com a montagem de algumas charges e histórias em quadrinhos, adaptando-as à realidade dos discursos filosóficos. Nosso trabalho parte do fato, de que não encontramos no comércio dos livros didáticos, material acessível à compreensão do estudo de Filosofia como algo descomplicado, já que na maioria das vezes, os textos clássicos são de difícil compreensão.
A falta de clareza quanto a essa questão deve-se ao fato de que a Filosofia como disciplina não obrigatória ficou a uma certa margem, não evoluiu muito no que se refere à abordagem teórica/metodológica de seus objetos de estudo. Enquanto isso, os professores que continuaram atuando na rede de ensino não tiveram uma capacitação no decorrer do tempo. No geral, permaneceram presos aos conteúdos das antigas aulas universitárias, e aos poucos livros didáticos que tratam do assunto.
Não é pelo fato do ensino da Filosofia não ter (como foi considerado durante muito tempo), prioridade, que o professor deva se descuidar da organização de suas aulas. Ele deve desenvolver uma prática capaz de transmitir algumas informações para melhorar o diálogo e a participação do aluno não só na sala de aula, mas no ambiente em que vive. O desenvolvimento deste trabalho pode ser realizado em parceria com outros professores e juntamente com o aluno, visando o procedimento de projetos, estudos bibliográficos, temas transversais, filmes, e tantos outros materiais. Aqui neste caso, estamos sugerindo algumas tiras para incrementar a dinamização das aulas.

2. Como Trabalhar esse Material?
Cabe a cada professor da área. A finalidade é ir além da simples leitura e decodificação da charge, fazendo com que o aluno perceba o que está presente nas entrelinhas, fazendo-o observar a visão de mundo, refletindo sobre ela e estabelecendo uma relação de diálogo, tendo em vista ampliar e transformar as suas experiências e conhecimentos. Por fim, esse material deverá incentivar o aluno em sua produção escrita, no posicionamento de argumentos e idéias, e na compreensão de fatos co-relacionados com a realidade homem/meio em que vive e suas próprias condições dentro do campo da ética, cultura, religiosidade e política.
As charges (histórias em quadrinhos) servirão para estimular a atenção e interesse do aluno na busca de novas interpretações das informações partilhadas. A finalidade principal, é desenvolver a criatividade e aumentar o interesse do aluno pelo estudo da Filosofia, fomentando suas próprias idéias através da construção de pequenas histórias em quadrinhos. Quanto ao professor, , deverá incentivar e criar uma atmosfera de partilhas, levando o aluno à busca da resolução dos novos desafios, integrando sua participação entre escola e mundo. A intenção não é esgotar o assunto, mas fornecer suporte ao professor do Ensino Fundamental e Médio para o aprimoramento e descoberta de novas técnicas que o auxilie na prática docente.
No estudo da Filosofia o aluno do Ensino Médio, vai pouco a pouco, percebendo que o principal elemento característico do homem está no seu relacionamento com a natureza e diálogo com o semelhante, que ele se percebe distinto dos outros, autor de seus próprios atos e age como sujeito de suas próprias ações. É justamente essa percepção que constitui a consciência do homem e o principal fato que o caracteriza e distingue dos animais. Só o homem é capaz de ter consciência. Pela consciência, de certo modo, ele emerge da realidade, tomando distância das coisas, para poder apreciá-las melhor. É através da consciência que o homem se impõe à natureza. O animal é essencialmente um ser de acomodação. O homem, pelo contrário, é um ser de integração. Ele não se dobra passivamente às influências da natureza. Reage contra todas as forças externas e integra a realidade no mundo da própria consciência. O estudo da Filosofia o levará a uma maior convicção de sua realidade. No entanto, vemos que a missão é árdua e requer uma certa dedicação do Professor para enveredar por caminhos nunca trilhados.
E por que não dizer que a Filosofia deve proporcionar aos alunos condições para a sua realização pessoal humana, possibilitando uma formação ética e um pleno desenvolvimento da sua autonomia intelectual, bem como do seu pensar critico? É necessário que o aluno perceba que a filosofia não é algo inútil, que seus preconceitos sejam substituídos por um interesse por aquilo que se apresenta como novo ou muitas vezes, ultrapassados. Aqui lembramos da Filosofia Clássica que muitas vezes é citada como algo de uma sociedade que se extinguiu e que não deve emergir em nossa consciência. O desinteresse do aluno não estaria na própria incapacidade de entender para quer serve tais conhecimentos? Ou que tais conhecimentos realmente não acrescentam em nada sua capacidade de pensar e agir? Na realidade, deve ser objetivo do ensino da Filosofia, fazer com que os alunos possam relacionar o mundo em que vivem com o mundo filosófico, transformando tais conhecimentos em algo útil para a via prática.
É verdade que o mundo passar por um avanço cultural sem igual, e isso se dá, sobretudo com a tecnologia da informação, a alta facilidade que o indivíduo tem de se comunicar eletronicamente. Vivemos a era da comunicação, do conhecimento visual, das “imagens”, (que legitima esse nosso trabalho), no entanto, ainda há pequenas cavernas a contornar a nossa estrutura de ser pensante no mundo. Conhecemos o mundo todo pela telinha da TV e da Internet, mas não somos capazes de nos voltarmos para dentro de nós mesmos. Daí o papel da Filosofia seria fundamental, atualizando os mitos gregos na nossa forma de pensar. A caverna platônica é a nossa própria casca de ser com pensamento atrofiado.
3. Finalidade da Educação e do Professor de Filosofia.
É preciso lembrar que antes de se propor uma boa educação se faz necessário humanizar a pessoa em sua totalidade de ser, e isso não é tarefa só das escolas particulares e “católicas”. Mesmo não tendo nenhum crédito religioso, o professor deverá ser capaz de se descobrir na pedagogia do “amor” e da “alegria”, transformando a sala de aula em uma festa. Aqui, não estamos falando de utopia, mas, de condições básicas do indivíduo, tão carente de afeto e acolhida. Nesse sentido colocamos em julgamento a própria condição da Filosofia, vista como a “ciência do saber”, saber esse, considerado em crise, por falta de cabeças pensante, capazes de idealizar um projeto de ensino voltado para a integração total do ser. A culpa é de quem? GENTILI (1996: 79) aponta três elementos que podem ser infalíveis: “a educação funciona mal porque se gastam mal”, que “os principais responsáveis pela crise da educação são os professores que estão mal preparados” e que “a educação funciona mal porque não está vinculada às
necessidades almejadas pelo mundo do trabalho”. O certo é que dentro dessas idéias neoliberais pode está o cerne da questão. Afinal: o professor licenciado em Filosofia está preparado para assumir o ensino de filosofia? RODRIGO (1987: 92), defende que “talvez, mais importante do que o conteúdo em si seja a postura que orientará a prática pedagógica do professor de Filosofia no dia-a-dia da sala de aula... a ruptura com as concepções cristalizadas do senso comum, mostrando que a Filosofia começa com a problematização daquilo que parece óbvio no mundo cotidiano”.
4. Conclusão
A quem se propõem a trabalhar a disciplina Filosofia no Ensino Fundamental e Ensino Médio deve pelo menos ser capaz e está instruído por um modo especificamente filosófico de formular e propor soluções de problemas, nos diversos campos do conhecimento, capacidade de desenvolver uma consciência crítica sobre conhecimento, razão e realidade sócio-histórico-política, ser capaz de relacionar a promoção integral da cidadania e o respeito à pessoa, dentro da tradição de defesa dos direitos humanos com o próprio exercício da crítica filosófica, capacidade para analisar, interpretar e comentar textos teóricos, de acordo com os rigorosos procedimentos de técnica hermenêuticas, consciência dos valores culturais, científicos, artísticos, voltado para a valorização da existência e do próprio agir pessoal e político-religioso. Aos alunos; cabe entrar nesta noite escura que é a “Filosofia Brasileira”. No dia-a-dia a prática docente vai além de pequenas tentativas de dinamização de uma aula, pois envolve os agentes em um processo complexo e na maioria das vezes, sofrido e cheio de desafios. No entanto, o projeto de se trabalhar a Filosofia através de charges e historias em quadrinhos, seria uma formula de estabelecer mais possibilidades de material didático ao professor. Procuramos através deste trabalho criar mais um mecanismo de apoio ao professor, para que seja desmistificado o conceito de que filosofia é uma disciplina chata, sem necessidade e muito complicada. Apresentamos uma maneira rápida, fácil e divertida do aluno desenvolver o seu conhecimento e senso crítico da realidade. Esperamos que este material possa contribuir, de alguma forma, para o despertar da utilização de novas técnicas na dinamização da prática do ensino de filosofia.

5. BIBLIOGRAFIA
FILHO, Martins e Silva, IVES Gandra da. Manual Esquemático de História da Filosofia. Ed. LTr – São Paulo. 1997

ARANHA, M. e MARTINS, M. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1986.

BUZZI, Arcângelo R. Introdução à filosofia: o ser, o conhecimento, a linguagem. 24ª ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

CORDI, Cassiano et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: ser, saber e fazer. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 1997.

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1995.

MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

MONDIN, Batista. Curso de filosofia. Tradução de Benôni Lemos. 3ª ed. São Paulo: Paulinas, 1983. (Coleção filosofia).

RAEYMEKER, Luís de. Introdução à filosofia. Tradução de Alexandre Correia, 2ª ed. São Paulo: EPU, 1973.

REALE, Miguel. Introdução à filosofia. São Paulo: Saraiva, 1988.

GENTILI, P. Mentiras que parecem verdades: argumentos neoliberais sobre a crise educacional. A construção de “verdades”. In: Revista de Educação da AEC. Ano 25 – nº.100 – julho/setembro de 1996. pp. 75-98.

RODRIGO, Lídia Maria. Da Ausência a Presença da Filosofia: o desafio da iniciação à reflexão filosófica. In: Educação e Filosofia. Uberlândia/MG. Vol 1, janeiro/junho de 1987, nº 2. pp.91-94

www.turmadamonica.com.br

www.cosmo.com.br/

http://tiras-snoopy.blogspot.com/

www.coxandforkum.com/archives/2003_04.html

www.ccqhumor.com.br/cartuns.htm

http://www.ccqhumor.com.br/congresso/index.htm

http://www.nicholsoncartoons.com.au/cartoon_2599.html

Um comentário:

Anônimo disse...

olá! Tudo bem na Capital do Sol?