quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Resenha do texto: O Que Muda no Cotidiano da Sala de Aula Universitária com as Mudanças no Mundo do Trabalho – Acacia Zeneida Kuenzer


Ao fazermos uma leitura do texto em referência não podemos deixar de lado as políticas educacionais mediadas pela lógica neoliberal: a educação deixa de pertencer ao âmbito político para ingressar na esfera do mercado e funcionar à sua imagem e semelhança (Defesa à transferência dos serviços públicos para o setor privado Estado reduzido à sua mínima expressão; a educação é defendida, não como um direito social fundamental, mas como uma propriedade que deve ser conquistada através de critérios meritocráticos ou através do dinheiro; percebemos, a partir disso, que a lógica dos mercados começa a permear-se no âmbito educativo.
A autora constata que no passado a função do ensino superior era a formação de quadros especializados para atender às demandas de uma produção cada vez mais diversificada, as profissões de nível superior eram delimitadas, a economia era pouco dinâmica do ponto de vista das mudanças científico-tecnológicas, o curso superior era ao mesmo tempo formação inicial e final, a educação continuada não era necessária para a estabilidade e pleno emprego e seguia a modalidade de formação definida com base na rigidez taylorista/fordista.
Na atualidade, as transformações no mundo do trabalho trazem profundas conseqüências para a Educação. As finalidades do ensino de graduação sofrem mudanças com tarefas mais simplificadas exigindo mais conhecimento do profissional, crescente complexidade dos instrumentos de produção, informação e controle, substituição da base eletromecânica pela base microeletrônica. Nestes casos, o mercado exige desenvolvimento de competências cognitivas superiores e de relacionamento. São exigidas novas competências do profissional: análise, síntese, estabelecimento de relações, criação de soluções inovadoras, rapidez de respostas, comunicação clara e precisa, capacidade de trabalhar em grupo, gerenciar processos p/ atingir metas, trabalhar com prioridades, lidar com as diferenças, enfrentar desafios das mudanças permanentes, resistir a pressões, desenvolver raciocínio lógico formal, criatividade e sobretudo está sempre renovando sua aprendizagem.
As diretrizes curriculares em conformidade com a política educacional do MEC estimula a formação geral como estratégia para enfrentar a dinamicidade das mudanças no mundo do trabalho, ao mesmo tempo propõe a flexibilidade dos percursos como estratégia de empregabilidade e contempla um enxugamento dos cursos, devendo-se evitar o “seu prolongamento desnecessário”.
Dentro desta vigência, o educador deve levar o futuro profissional a lidar com as incertezas e rápidas mudanças diante das incertezas, as novidades que em suas maiorias, é estabelecida de fora e que acaba permeando a realidade diária da sala de aula universitária.
Neste sentido, quais seriam as exigências dos mercados para a educação? Contribuem para que o ensino se ajuste às necessidades do mercado de trabalho, o qual passa a nortear as decisões em matéria de política educacional; constroem uma educação mercadológica através da qual os imperativos das grandes empresas transnacionais são atendidos e reproduzidos;
Assim, a escola, diante dessas exigências tem como função social preparar os estudantes para o mercado de trabalho, oferecendo as ferramentas necessárias para produzir no estudante a habilidade de se adaptar às demandas do mundo dos empregos. O entrelaçamento entre educação e neoliberalismo fomenta um sistema educacional injusto, antidemocrático e excludente. Defendemos que a educação, mesmo considerando a sua ambivalência, não deve servir de instrumento reforçador da desigualdade social, ao contrário, deve constituir-se como um processo de politização direcionado à conscientização da população, de modo que esta (re)construa a sociedade em coerência com a lógica democrática.

SANTOS, Sebastião Jacinto dos

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